sábado, 7 de março de 2009

Sansão, parte 1.

"Escritor amador peca por seu amor, ama as palavras tanto que nao consegue por elas se fazer entender."


Quem passa pelas ruas de uma grande cidade, de uma metrópole, naquelas ruas sujas, defecadas e cheias de mendigos sente geralmente muito nojo. Quem passa por isto todos os dias acaba se acostumando com o cenário, aquelas pessoas, os mendigos, já não são mais tão diferentes de qualquer saco de lixo ou qualquer objeto inanimado.


Era uma vez um mendigo, se auto denominava Sansão.

Sansão, como muitos mendigos de uma grande cidade, não sabia de onde vinha, não tinha idéia de como havia chegado nesta realidade. Por vezes ele pensa que deve ter tido amnesia, que aconteceu alguma coisa muito grave, tao grave que suas proprias memórias se recusam a deixar este segredo ser revelado. Por horas ele pensa que é médico, outras horas ele pensa que é advogado e até mesmo um rock star, tudo depende da companhia ou da platéia. Em geral sua cabeça lhe prega peças, lhe faz ter medo, talvez o ajude a sobreviver, em geral, sua cabeça o faz beber.

A rotina de Sansão é normal a de muitos mendigos, vagando durante o dia, rindo e observando a cidade. A cidade tem um ar magnífico quando é observada despida de qualquer pretensão, ela parece um organismo vivo gigante. Nesta figura, ela é um boi e os mendigos são seus passarinhos, aqueles que sentam por horas e horas no lombo do animal e come seus carrapatos. Carrapatos estes que os mendigos encontram em lixeiras e em sobras de outras pessoas.

A noite a vida de Sansão é mais agitada, por vezes ele tenta a fila do abrigo público, lá é um lugar agradável, há conforto e comida. Sansão vai apenas as vezes por que lá fazem muitas perguntas. Há perguntas que não podem ser respondidas apenas.
Em outras noites há brigas entre moradores de ruas, há lugares preferenciais para se ficar, como no cinema, ser espectador da vida noturna se exige um bom angulo, não neste caso para ver melhor mas em muitos casos para se esconder mais e melhor.
Infelizmente, parece que o mundo os esquece, pessoas como Sansão. Ele, parece não ser um analfabeto, sente que tem potencial para fazer coisas grandes, talvez para ser alguem importante, quem sabe ele nao fosse? quem sabe não é o rei exilado de alguma terra distante que está em ostracismo político?
Sua cabeça lhe prega peças.

E ultimamente, sua cabeça está lhe dizendo que chegou a primavera.

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