segunda-feira, 16 de março de 2009

Greatest Hits

Sabe minha cara,


Talvez, por mais que eu tenha fugido deste foco, não consigo deixar de pensar que nossas baladas, nossos hits são coisas de nossa vida! seja pela inspiração que levou aquelas abençoadas pessoas a escrever obras magníficas como rockNroll do led (que sei que gosta!) ou seja agora por nós mesmos, por que quantas vezes não nos colocamos naquele lugar onde eles querem que estejamos, sentados na platéia ou sendo atores de nossa existência, regados e identificados por orquestras como o próprio led, como o deep purple ou whatever for nossa vontade e nossa imaginação.


E as vezes, não sei se intencional ou por mera coincidencia dos fatos, por varias vezes nos encaixamos nos momentos que se parecem com aquelas músicas, por vezes saimos a noite querendo festa, querendo rua, querendo se apaixonar por um alguem igual, por alguem com quem compartilhar nossos hits como a bandalheira cantava, ou ainda sozinhos em uma estação, de onibus ou de trem sob um céu de blues dos cascaveletes, imaginando como cairia bem esta cena em um filme B dos anos 80, com aquelas roupas bregas e o cabelo esquisito.. alias! nunca mais vi guria nenhuma usar topete...


Mas vem cá, não são todos os nossos momentos passíveis de prosa e poesia?


E greatest hits não são talvez, assim como as canções, momentos que se vive, que se ouve por muito tempo, até cansar ou até enjoar?! Não são ruins por que se enjoa, mas tem momentos que se enjoa por que talvez eles não tenham como oferecer mais naquele momento. Aliás, acho que o poder deles está em poderem ser guardados em uma estante especial, com um carinho adicional aos ordinários. São aqueles que por vezes pegamos da caixinha, colocamos na vitrola e sentamos na sala escuro, lembrando, bebendo um bom tinto, relembrando, tirando o pó das coisas ruins e por vezes rindo e chorando, resgatando pedaços de nós mesmo que talvez ficaram perdidos lá atrás.

Aí que eu acho que está o poder deles, a capacidade de resistir ao tempo e oferecer por um breve momento uma amostra daquele sentimento que se teve quando se ouvia, quando se vivia aquilo!. A capacidade de nos resgatar, de lembrar quem já fomos ou até quem somos.
Como se fosse um resumo de uma banda, como se fosse o resumo de nossas vidas ou de como tanto nós e estas bandas gostariam de ser vistos.
Greatest hits são assim, como um resumo, como algo que faça alguem se interessar por nosso disco, que faça alguem nos escutar, nos entender, se apaixonar por nós e entao, quem sabe até enjoar e tentar esquecer... mas não antes de curtir muiiiiiiito, dançar e rir muiiiiiiiito, chorar muito e também, amar muito.
Não sei se era isso, mas assim foi.
=]

sábado, 7 de março de 2009

Sansão, parte 1.

"Escritor amador peca por seu amor, ama as palavras tanto que nao consegue por elas se fazer entender."


Quem passa pelas ruas de uma grande cidade, de uma metrópole, naquelas ruas sujas, defecadas e cheias de mendigos sente geralmente muito nojo. Quem passa por isto todos os dias acaba se acostumando com o cenário, aquelas pessoas, os mendigos, já não são mais tão diferentes de qualquer saco de lixo ou qualquer objeto inanimado.


Era uma vez um mendigo, se auto denominava Sansão.

Sansão, como muitos mendigos de uma grande cidade, não sabia de onde vinha, não tinha idéia de como havia chegado nesta realidade. Por vezes ele pensa que deve ter tido amnesia, que aconteceu alguma coisa muito grave, tao grave que suas proprias memórias se recusam a deixar este segredo ser revelado. Por horas ele pensa que é médico, outras horas ele pensa que é advogado e até mesmo um rock star, tudo depende da companhia ou da platéia. Em geral sua cabeça lhe prega peças, lhe faz ter medo, talvez o ajude a sobreviver, em geral, sua cabeça o faz beber.

A rotina de Sansão é normal a de muitos mendigos, vagando durante o dia, rindo e observando a cidade. A cidade tem um ar magnífico quando é observada despida de qualquer pretensão, ela parece um organismo vivo gigante. Nesta figura, ela é um boi e os mendigos são seus passarinhos, aqueles que sentam por horas e horas no lombo do animal e come seus carrapatos. Carrapatos estes que os mendigos encontram em lixeiras e em sobras de outras pessoas.

A noite a vida de Sansão é mais agitada, por vezes ele tenta a fila do abrigo público, lá é um lugar agradável, há conforto e comida. Sansão vai apenas as vezes por que lá fazem muitas perguntas. Há perguntas que não podem ser respondidas apenas.
Em outras noites há brigas entre moradores de ruas, há lugares preferenciais para se ficar, como no cinema, ser espectador da vida noturna se exige um bom angulo, não neste caso para ver melhor mas em muitos casos para se esconder mais e melhor.
Infelizmente, parece que o mundo os esquece, pessoas como Sansão. Ele, parece não ser um analfabeto, sente que tem potencial para fazer coisas grandes, talvez para ser alguem importante, quem sabe ele nao fosse? quem sabe não é o rei exilado de alguma terra distante que está em ostracismo político?
Sua cabeça lhe prega peças.

E ultimamente, sua cabeça está lhe dizendo que chegou a primavera.