quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A Dama do Pão de Queijo

Este pedaço, em geral moldado, as vezes circular
da mistura do precipitado protéico lácteo com extratos lipídicos vegetais e normalmente da fécula de tuberosas,
escaldado, entumecido e forneado.
A essa complexa massa, crocante por fora e viscoelástica por dentro
Pedaços de pecado culinário.

Me refiro ao pão de queijo,
sou fã de pão de queijo
e como bom apreciador de pão de queijo, posso dizer que é difícil de se comprar um pão de queijo decente, marcante..... apaixonante.

Então, um belo dia, cansado de tentar em vão apreciar as variedades deste que eu comprava em mercados, fui a uma padaria para fazer uma tentativa.
Eu ja fui cliente desta padaria. Os produtos com frequencia sofriam falta de homogeneidade, as instalações não são das mais adequadas... é do tipo que poderia merecer uma visita da vigilância sanitária, poderia.

Como sou insistente,
ou burro, o que as vezes soa mais adequado,
entrei de braços e coração abertos na padaria, visando encontrar um novo amor, uma nova variedade de pão de quejo.
Solicitei a comanda e me direcionei ao balcão.
E lá estava.... ela!
Mal pude acreditar quando cheguei ao balcão: Uma rapariga, cabelos vermelhos, um e setenta de altura, imagino que no auge de seus 19 anos, olhos escuros e rosto perfeito, voz suave e sorriso fácil, lábios líndos...
Fiquei olhando feito bobo e ela sorriu... olhou nos meus olhos e me perguntou.. Sr.. o que vai querer?
Por um instante pensei em ser ousado, pedir seu telefone, seu msn... simplesmente seu nome..
mas percebi a fila que se formara em meu momento de distração, eu fui breve e apenas pedi dois pães de queijo.
Me dirigi a fila do caixa e olhei pra trás claro, de longe... ela terminou de atender um cliente, olhou de canto para mim e sorriu.

O pão de queijo era maravilhoso, acho que finalmente encontrei meu novo amor.

Passado alguns dias, eu retornei, em busca de uma nova dose homeopática,
de pão de queijo e de amor platonico.
Pra minha decepção, quem me atendeu não estava mais lá.
Outra pessoa em seu lugar me serviu os pães. Comi.
Não estava tão bom, acho que eu me iludi.
Na verdade, quem era aquela moça?
certo que era uma temporária, era época de férias..

Passado mais algum tempo, véspera de viajem, ficaria um bom tempo longe daqui.
Passei novamente para comprar o pão de queijo, me dar uma ultima chance de tentar ver se realmente eu tinha fantasiado tudo aquilo...
Entrei na padaria e novamente lá estava ela.
Todo sorridente com a comanda na mão, solicitei meus dois pães de quejo.
Ela, em enorme contraste com nosso primeiro encontro, não me olhou no rosto, não sorriu para mim, de forma mecânica pegou os pães e me serviu.
Como um último suspiro, na fila do caixa, olhei para trás em busca de sua atenção;
Ela, não atendia a mais ninguém, fazia a rotina de trás do balcão, posicionava os pães na cesta. Ela não me olhou.

Neste dia os pães de queijo estavam amargos, secos e duros.
Neste dia eu desisti, desiludi
apaguei-a da memória e do paladar.

Tempo se passou..
Mais de um mês na verdade.

Eu, já completamente curado
crente de que não veria mais aquela figura
já não esperava mais nada de pão de quejo
tinha transferido toda minha passionalidade para outro tipo de alimento
o atum
com o atum não tem como se decepcionar, não tem como se apaixonar
não tem como surgir uma loirassa do atum....

Então sem medo, entrei denovo na padaria, para comprar pão de queijo
eu, com a lata de atum na sacola do supermercado
fui surpreendido pela mesma mulher de olhos escuros e cabelo vermelho:

Ela: Oi! por onde andou? faz tempo q não vem aqui..
Eu: É... época de férias sabe... viajei para visitar meus pais..
Ela: Hmm.. tem que passar aqui também para me visitar hein..
Eu: É... É.. claro.. passarei mais por aqui..
Ela: O que deseja..?
Eu: Dois pães de queijo.. pr favor..
...
Eu: Sério que vc lembra de mim?
Ela: Sim.. claro..
Eu: Como é teu nome?
Ela: É Jéssica..
Eu: Prazer.. sou Fulano

Dei um sorriso e um tchau...
Na fila de pagar, olhei para trás e ela também sorriu.

E neste dia, o pão de queijo estava ótimo.

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